domingo, 17 de maio de 2009

PARA ENTENDER A CRISE



Essa crise econômica que assombra gente grande, não está sendo muito bem compreendida pelos jovens. Talvez porque ela não atinja a muitos diretamente, talvez por que ela seja mesmo difícil de ser absorvida.Aqui, nós juvenais, mostraremos que ela abrange interesses de todos e, por isso, é preciso que seja entendida.

O neoliberalismo e a crise


Vocês se lembram da crise de 29?Pois é, naquela época a maneira de se encarar o mercado era o liberalismo, que implicava em uma intervenção quase nula do
Estado na economia, o que significa que os bancos, as indústrias e os empreendimentos em geral eram realizados sem nenhuma fiscalização oficial e sob pouca regulamentação, imagine só!Vocês se lembram no que deu essa farra,
né?A indústria se empolgou e produziu muito além do que realmente seria consumido. Muita gente foi despedida, muitas empresas faliram e o liberalismo foi questionado. Para que aquela crise fosse superada, uma medida de emergência foi retomada: a intervenção do Estado na economia (chamada de keynesianismo devido ao criador do plano, John Maynard Keynes), o que deu certo.

Após 79 anos, alguns erros históricos foram esquecidos, algumas concessões foram tomadas e o mercado se encontrava nas mãos dos seus manipuladores e, principalmente nos EUA, assistido por algumas leis incoerentes com a realidade. Esse “novo” modo de administrar foi batizado NEOLIBERALISMO.
A situação norte-americana pré‐crise era essa; o liberalismo disfarçado. Lá, alguns trustes e cartéis foram dissolvidos e as indústrias não podiam mais produzir indiscriminadamente... Mas, e os bancos? Podiam funcionar como bem entendessem? Tinham de prestar contas ou tinham garantias da enorme quantidade de dinheiro que manipulavam?


A CRISE


A crise uniu a mentalidade capitalista insaciável com as lacunas legais presentes no ideal NEOLIBERALISTA, alem do consumo cego envolvido no “american way of life”.
Há algum tempo, a demanda por imóveis aumentou significativamente, como uma forma de investimento (devido sua quase certa valorização em médio prazo) ou como um luxo. A razão para esse crescimento no consumo se deveu à nova política de crédito concedida pelos bancos. Eles passaram a emprestar grandes quantidades de dinheiro sem muitas exigências, com um prazo até onde a vista alcança.
Desse modo, não havia motivos para que alguém não adquirisse sua casa própria! Então todo mundo começou a contrair empréstimos sem ter garantias de que teriam dinheiro para pagar (a parcela era tão pequena que era meio lógico que qualquer um teria dinheiro para pagá-la). A única garantia que o banco exigia eram as casas, ou seja, se o cidadão não conseguisse pagar, a casinha dele seria, então, do banco.
O que aconteceu depois foi um grande calote em massa! Quem comprou imóveis como investimento se ferrou, pois os imóveis não eram mais valorizados (lei da oferta e da procura, lembram‐se? Todos tinham imóveis à preço de banana, graças aos bancos) e os devedores não tinham dinheiro para pagar, pois a casa passou a custar menos do que o empréstimo adquirido (prejuízo!).

Quem contraiu a dívida para comprar uma casa própria, não pagava de jeito nenhum ao banco. A galera achou que era tão fácil pagar uma parcela tão pequena que torrou o salário em outras coisas, quando chegou o fim do mês, não tinha mais nada pra pagar o banco!E isso aconteceu COM TOOODO MUNDO!O famoso consumismo, íntimo da realidade norte-americana há muito tempo...
Enquanto os imóveis se desvalorizavam e os devedores iam consumindo mais e mais, os bancos utilizaram o dinheiro dos empréstimos (somado com os juros) para novas práticas financeiras, repassando‐o para outros bancos maiores e até para o governo. Vocês devem estar se perguntando, qual dinheiro do empréstimo, se ninguém pagou nada?ISSO MESMO!Os bancos confiaram na honestidade e no fluxo livre do mercado que os imóveis continuariam a valorizar e que, com a casa própria, iria sobrar dinheiro para pagar a dívida (substituindo o aluguel). Mas, o fator psicológico foi ignorado.

Os bancos criaram um fluxo descontrolado do dinheiro que não existia, pois seus clientes deram o calote!E as casas como garantia?Elas estavam lá, no quintal do banco, mas ninguém queria nem ouvir falar em casa depois dessa confusão. Então os bancos ficaram sem dinheiro nenhum para cumprir suas obrigações, não vendiam as casas, e uma enorme quantidade de money virtual circulava pelo mercado financeiro do mundo todo sem precedência.
E foi por isso que muita gente que não tinha nada a ver com imóvel, com bancos ou até com os EUA foi afetada pela crise. Com os bancos falindo, empresas ficaram sem empréstimos, sem crédito e sem suas reservas. Com as empresas levando prejuízo, milhões de funcionários foram demitidos. Com milhões de desempregados, mais empresas faliram, pois não tinham mais consumidores.
O mercado financeiro da bolsa de valores quebrou. Muitos investidores que tinham suas ações aplicadas em empresas americanas perderam tudo quando elas faliram. Houve uma venda enorme de ações a um preço medíocre, desvalorizando quase tudo na bolsa. E como todo mundo sabe, se a bolsa de New York quebra, todas quebram também (o mercado financeiro envolve aplicações de pessoas do mundo inteiro e, quando essas ouvem a palavra “crise” no ar, tratam de retirar seu dinheiro da bolsa o mais rápido o possível, mesmo sem ter certeza de que seria afetado, essa reação faz parte da chamada “crise psicológica”).
Como o efeito dominó, a crise atingiu a todos os países. Imagine que um dos maiores exportadores e importadores do mundo praticamente parou de sê‐los, ou seja, a produção mundial desacelerou bruscamente, deixando muuuitos desempregados e prejuízos pelo caminho.

Crise do capitalismo ou da mentalidade capitalista?


Estamos vivendo o auge da crise econômica, e também o auge do questionamento do processo capitalista e suas ideologias adjacentes. O governo americano foi obrigado a intervir no mercado apos o estouro, e muitos especialistas se perguntam se a medida de Obama é o início de uma nova conduta quanto ao fluxo financeiro ou é apenas uma atitude emergencial.
Sabe‐se que o que está em jogo não é mais o neoliberalismo, pois certamente o governo norte‐americano (assim como os demais, pois fomos todos afetados pela crise) não conduzirá sua economia da mesma forma, ou seja, ninguém quer abrir brecha para que os mesmo erros sejam cometidos, então supoe‐se que existirá um “neoneoliberalsimo”. O que é debatido é como funcionará esse “superneoliberalismo” e se essa crise abrirá espaço para a construção de novas
formas de política (quem sabe alguém não desenterra o comuniiiiismo??? O que é improvável hahaha).
A idéia liberal ainda está para ser moldada de acordo com as exigências da humanidade. Os executivos ainda não sabem lidar com ela, por isso está em fase de teste. A cada crise, mais falhas são evidenciadas nesse sistema e, consequentemente, novos nomes complicados são criados para batizar um conjunto de medidas que visam à adaptação da idéia liberdade para a realidade econômica.
Já diziam que o capitalismo funciona porque se encaixa na natureza competitiva e ambiciosa humana. Para completar o capitalismo e satisfazer essa natureza humana, foi criado o liberalismo, que pregava a liberdade econômica e seu funcionamento automático de acordo com as próprias exigências de consumidores e fornecedores (lei da oferta e da procura, lei do mais forte, e etc, baseadas em comportamentos comuns da humanidade). Essa liberdade já foi questionada inúmeras vezes desde sua aplicação e toda vez que se mostra insuficiente e vaga, abre espaço para as falhas do próprio sistema capitalista.
Hoje em dia, quando se discute o comunismo, é comum ouvir que era um sonho bonito, mas que nunca se encaixaria na realidade, pois a mentalidade e os próprios instintos humanos não permitiriam (nós não conseguiríamos conviver em igualdade, sem competição, pois a nossa natureza é competitiva).
Vivenciando e analisando a crise atual, deixamos algumas perguntas para vocês:
Você acha que esse capitalismo, que envolve toda liberdade e, teoricamente, se adapta tanto aos comportamentos humanos, realmente existe?Funciona assim na prática? Será que o capitalismo, não passa de outro ideal sem oponentes?E apos a crise, surgirão novas idéias?
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Quem sabe a primeira idéia não surge aqui?!

Por Juvenela

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